quarta-feira, 13 de maio de 2009

Dédalo

A par da craveira literária, tenho forçosamente que admirar alguém do estofo de James Joyce. Um indivíduo de fina espécie, educado entre jesuítas e as mal afamadas ruas de Dublin. Fluente em latim, como no tilintar de moedas à cabeceira das madames. Autor que, se lhe juntarmos as companhias ilustres de Proust, Kafka e Musil - o quarteto maravilha -, revolucionou o romance moderno. Um mestre observador do pormenor e do escatológico. Reinventor e mapeador da cidade de Dublin, ao ponto de: se esta por algum ominoso motivo implodisse - tanto as fundações como qualquer traço de memória que não a dos livros do dito -, sábios arquitectos poderiam fielmente reerguê-la das cinzas, qual Fénix, bastando para isso seguir a voz que nos guia por páginas e mais páginas. Omito a sua inclinação para a bebida, a sua irascibilidade, facto de somenos entre demiurgos. Portanto, a reter: um inspiradíssimo artesão das letras e, ao mesmo passo, um poeta dado a brindar a esposa - Nora - com sentidas epístolas eivadas aqui e ali de deliciosos laivos pornográficos. Simplesmente notável.

2 comentários:

  1. muito bem... preparo-me para tempos atarefados a estudar o que não estudei ate hoje. :)
    corrigindo-me então: neste confronto com a minha ignorância, a vergonha esfuma-se dando a lugar a uma imensa e pura curiosidade sobre os temas, autores, até expressoes que escolhes e escreves.

    belos tempos de inteligente orientençao e novidade me esperam...

    e sim a dualidade dos génios sempre me deliciou... ;)

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  2. Estou muito longe de poder servir de orientador :) No máximo, lanço pequenas pistas como farrapos a adejar no ar. Estou sempre e tenho ainda muito a aprender.
    Abraço.

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